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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

MOBILIÁRIO URBANO E A APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO


O Urbanismo e o Espaço Público

“Essas facilidades generosas de comunicação, que permitem a rápida mobilidade de pessoas, matérias e idéias, são um segundo meio de alcançar a adaptabilidade.” (LYNCH, 1972)

O urbanismo, desde que começou a ser estudado, é um elemento social que está em constante mudança, aceitando a cada momento, justaposição de culturas e convivência simultânea de duas ou mais culturas em um mesmo ambiente. O espaço público é esse ambiente, em que se encontram várias pessoas, raças, e culturas. É a junção do material, espaço urbano e seus elementos, com o imaterial, cultura e crenças. Assim, é um espaço que naturalmente, tende à desorganização.

Para um bom funcionamento do espaço urbano, o ideal é que as intervenções nele sejam pequenas e pontuais, a fim de que, com a apropriação e mudança contínua deste espaço, os próprios usuários criem os caminhos interligantes desses espaços pontuais, ativando segmentos urbanos. Assim, pequenas praças atendem melhor as cidades que grandes parques e espaços projetados para convivência. (ELLIN, 2006)

As praças a centros de convivência, muitas vezes deixam a desejar por não serem espaços convidativos à permanência do usuário. O descuido, lixo, desorganização e até mesmo a temperatura e insolação fazem com que o local se torne pouco freqüentado e sem vida. Para tornar esses ambientes convidativos, é necessário um estudo da área levando em consideração o perfil de seus usuários, seus hábitos e cultura, além de outras questões como o conforto ambiental, carências e demandas da área.

O melhor espaço público é aquele que oferece diversas opções de uso, sendo assim, um espaço flexível capaz de mudar com o tempo se adaptando às demandas a que é submetido, atendendo não só a necessidades individuais, mas também coletivas.

No Brasil, nota-se certo descaso com o espaço público, que freqüentemente sofre degradação: lixo, poluição visual, deterioração do mobiliário urbano contribuem para que o local seja cada vez menos legível ou confortável, negando sua função principal de proporcionar bem estar aos seus usuários. Dessa forma, cria-se uma preferência aos espaços privados. Incentivar o uso e a permanência nos espaços públicos é a melhor forma de evitar que isso aconteça.


Espaço Público: Mobiliário Urbano e Permanência

“Os jogos, as performances urbanas ou qualquer evento público sazonal e concentra-se nos objetos que constituem esses espaços: o mobiliário urbano. (RYAN, 2006)

Para ser convidativa à permanência, a praça ou parque urbano deve possuir um mobiliário que aguce a curiosidade dos usuários: flexíveis, interativos, que se deixem apropriar de várias maneiras diferentes ou que podem ser modificados para suprir as necessidades do usuário. Dessa maneira, o mobiliário faz com que o espaço se torne mais poroso. Ou seja, aglutinador de diferentes grupos sociais, formando uma rede de relações que modificam os costumes e hábitos da sociedade, se misturando e sobrepondo uns aos outros, formando uma nova cultura social.

O espaço urbano nas cidades, além de servir como caminho e local para realização de atividades do cotidiano, deve ser também um lugar de descontração e diversão. Para isso, os objetos urbanos são de grande importância para a reinvenção do espaço, para que este não seja atraente apenas para crianças, mas para todas as faixas estarias dos moradores da cidade. Os objetos permanentes do espaço influenciam o uso, os usuários e suas maneiras de apropriação. Segundo White (1980), a liberdade de movimento, variação e multiplicidade de usos ampliam o potencial de apropriação do espaço conferindo ao usuário sensação de controle do mesmo. Assim, conclui-se também que a implantação de mobiliários como mesas e cadeiras fixas se tornam pouco atraentes desativando a potencialidade do espaço urbano.

Outra coisa que também ajuda na ocupação do espaço urbano é torná-lo um ponto de referência. Assim, ele se torna mais conhecido e, conseqüentemente, mais visitado e apropriado. Além disso, a adequação climática, territorial e cultural, juntamente com a legibilidade do local, são elementos que podem influenciar na implantação de mobiliários

O mobiliário ideal deve lidar com o local de maneira criativa, sem modificar os seus elementos físicos. A flexibilidade auxilia na formação de áreas atrativas na cidade, mesclando utilidade e diversão no mesmo objeto, fazendo das áreas publicas grandes locais de entretenimento e diversão para adultos e crianças.

O mobiliário deve estar ligado principalmente ao conforto e à segurança dos usuários, uma grande precaução que as prefeituras têm ao implantá-los na área publica. Os objetos projetados devem se integrar à paisagem urbana, atendendo com qualidade o espaço que está inserido, proporcionando ordem e legibilidade ao mesmo.


Estudo Autônomo produzido durante o sexto período do curso, tendo como referência principal:
Dissertação de Mestrado: MARTINEZ, ANDRESSA CARMO PENA. Pequenas intervenções em Espaços Livres Públicos: itinerância, flexibilidade e interatividade / Andressa Carmo Pena Martinez. – Rio de Janeiro: PROURB-FAU/ UFRJ, 2008.


terça-feira, 11 de outubro de 2011